Durante séculos as discussões e embates entre
gestualistas e oralistas acerca de qual língua pessoa com surdez utilizaria, a
oral ou a gestual, colocaram-nos numa condição de exclusão.
No Brasil, vem se consolidando
uma nova política de educação inclusiva. Porém ainda há muitas questões e
desafios de devem ser discutidos e revistos para que sejam efetivadas práticas
de ensino e aprendizagem centradas nas pessoas com surdez ,visando proporcionar
a elas a oportunidade de aquisição de habilidades para a vida em comunidade, ou
seja, como atuar e interagir com seus pares no mundo, considerando o
contraditório, o ambíguo, o complexo e o diferente e suas conseqüências.
(DAMÁZIO)
Para Damázio e Ferreira (2009) “a principal causa do sucesso ou fracasso
escolar do aluno com surdez não é a adoção de uma ou outra língua”.Visando uma aprendizagem
significativa é necessário romper com os empecilhos que impedem o
desenvolvimento e provocam a repetência e a evasão, ocasionando o fracasso
escolar.Damázio(2005)
A proposta de abordagem bilíngüe não privilegia uma língua, mas dá
às pessoas com surdez o direito e condições de poder se utilizar de duas
línguas na sua aprendizagem e na interação com o meio, de acordo com suas
necessidades e potencialidades.
Nessa perspectiva de inclusão escolar, o Plano de AEE para alunos com
surdez deverá ocorrer em três momentos, visando oferecer aos alunos a
oportunidade de desenvolver suas habilidades e se beneficiar desses ambientes
inclusivos de aprendizagem. O AEE em Libras, o AEE de Libras e o AEE de Língua
Portuguesa.
O Atendimento Educacional Especializado em Libras deverá ocorrer em
horário contrário ao do ensino comum, sendo os conteúdos articulados com o
professor da sala de aula, utilizando–se de materiais e recursos visuais
diversificados.
Para iniciar o AEE de Libras é necessária a investigação diagnóstica do
aluno, também realizada no contra turno do ensino comum, esse atendimento será
oferecido por um professor e/ou instrutor em Libras, preferencialmente surdo,
considerando o estágio de desenvolvimento do aluno.
Uma vez que a Libras é uma língua que necessita de constante ampliação do
vocabulário, esse atendimento deve ser oferecido durante toda a educação
básica, incluindo a educação infantil.
Já o AEE para o Ensino de Língua Portuguesa, deve ocorrer na sala de
recursos multifuncionais, realizado com professor formado em L.P, sendo que o
planejamento deve ser feito e conjunto com os professores de Libras e da sala
de aula comum.
Segundo Mirlene Ferreira Macedo Damázio:
“A inclusão escolar implica mudança paradigmática, ou seja,
uma concepção de homem, de mundo, de conhecimento, de sociedade, de educação e
de escola, pautado nas dimensões do heterogêneo, da não dualidade, da não
fragmentação, das diferenças multiculturais, do original e singular humano. Uma
escola com valores e atitudes diferente, frente ás suas práticas educacionais,
não em uma visão adaptativa as pessoas com deficiência física ou sensorial,
como a integração escolar o faz, mas, uma escola que entende que todos que ali
estão são diferentes e, portanto, suas práticas são naturalmente na visão da
heterogeneidade de ações e atores. Precisa ser uma escola que se organiza para
todos, independentemente de alguma pessoa ter deficiência visível, no qual
todas as diferenças são reconhecidas e a valorização do potencial humano é a
prioridade do fazer educativo cotidiano”.
Referências Bibliográficas:
BRASIL.
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Brasília: MEC, 2008
DAMÁZIO, Mirlene
F.M.,ALVES,Carla B. e FERREIRA,Josimário de P. Educação Escolar de Pessoas com
Surdez In AEE: Fascículo 04: Abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com
Surdez. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.
DAMÁZIO,M.F.M.;FERREIRA,J.Educação
Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional Especializado em
Construção. Revista Inclusão:Brasília:MEC,v.5,2010.p.46-57.
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